31.1.06

Selênio e o Tratamento de Cânceres

(é uma substância com evidências de que pode ajudar no tratamento, embora as pesquisas não sejam conclusivas a este respeito)

O Selênio é um elemento químico, um micronutriente mineral presente no solo e absorvido por várias plantas que nos servem como alimentos. É obtido na nossa dieta pela ingestão de cereais, carne, peixe e ovos. A Castanha do Pará é uma fonte particularmente rica de selênio. Ele é um antioxidante com importante papel na eliminação de radicais livres e é essencial a muitos processos corporais, estando presente nas células de quase todas as partes do corpo.

Sua utilidade como agente anticâncer foi descoberta quase que por acidente em um estudo com humanos onde ele foi testado como preventivo para o câncer de pele (1). Apesar de ter sido verificado que ele não altera a incidência daquele tipo de câncer, descobriu-se que tem influência substancial na ocorrência de outros tipos de câncer, incluindo o de pulmão, o colo-retal e o de próstata, além de influenciar a incidência total de cânceres. Neste estudo o efeito mais dramático ocorreu em relação ao câncer de próstata, a redução da incidência nos pacientes que receberam selênio foi de 63%, quando comparada à incidência nos pacientes que receberam o comprimido de placebo (grupo de controle). A incidência de câncer cerebral não foi registrada nesse estudo.

Uma vez que foi demonstrado que o selênio é capaz de prevenir o surgimento de vários tipos de câncer, a questão que veio a seguir é se ele também é útil para tratar os casos em que a doença já existe e há evidências de que isto seja verdade. Em uma pesquisa de laboratório com camundongos, nos quais foram implantadas células de melanoma (um tipo de câncer), concluiu-se que a suplementação alimentar com selênio inibiu expressivamente o crescimento de metástases pulmonares (2). Outros estudos de laboratório mostraram a capacidade de inibir o crescimento de células de gliomas (3) e estudos recentes identificaram os mecanismos de ação do selênio como sendo a inibição da Proteína Kinase C (4) (sabidamente importante no crescimento dos gliomas) e a inibição da angiogênese (5).

É importante destacar que o selênio pode ser altamente tóxico em altas dosagens e que o grau de toxidade varia de acordo com a formulação pela qual ele é administrado. A Selenometionina é a formulação preferida em pesquisas, por conta de sua baixa toxidade. A maioria destas pesquisas usa doses de 200 micro-gramas/dia, mas doses de 400 a 800 mcg/dia tem sido usadas sem evidências de toxidade.

Como os níveis de toxidade estão estimados para algo em torno de 5000 micro-gramas/dia e há bons indícios de que o selênio possa ajudar substancialmente, no caso específico do meu pai estamos administrando duas doses diárias de 100 micro-gramas em comprimidos do suplemento alimentar fabricado pela empresa FDC, que pode ser encontrado facilmente nas drogarias.


Bibliografia:
1- Clark, L. C. et al. Effects of selenium supplementation for cancer prevention in patients with carcinoma of the skin. A randomized controlled trial. Nutritional Prevention of Cancer Study Group. JAMA, 1996, Vol. 276 (24), pp. 957-1963
2- Yan, L. et al. Dietary supplementation of selenomethionine reduces metastasis of melanoma cells in mice. Anticancer Research, 1999, Vol. 19 (2A), pp. 1337-1342
3- Sundaram, N., et al. Selenium causes growth inhibition and apoptosis in human brain tumor cell lines. Journal of Neuro-Oncology, 2000, Vol. 46, pp. 125-133
4- Gopalakrishna, R., & Gundimedia, U. Protein kinase C as a molecular target for cancer prevention by selenocompounds. Nutrition and Cancer, 2001, Vol. 40, 55-63
5- Lu, J., & Jiang, C., Antiangiogenic activity of selenium in cancer chemoprevention: metabolite-specific effects. Nutrition and Cancer, 2001, Vol. 40, 64-73

30.1.06

O Uso de Vitamina D ( Alfacalcidol ) no Tratamento de Tumores Cerebrais.

(Inclui-se na classe das substâncias com eficácia cientificamente comprovada no tratamento de tumores e cânceres.)

Numerosos estudos de laboratório já demonstraram que a Vitamina D é altamente citotóxica para as células cancerosas devido a diferentes mecanismos de ação. Muitas das pesquisas concluem que esta substância tem a capacidade de regular os genes que controlam o ciclo de reprodução celular, provocando um processo adequado de diferenciação das células, fazendo-as tornarem-se maduras e evitando que elas formem-se com características mal diferenciadas, o que é típico no câncer. Outros efeitos do uso da Vitamina D mencionados são a inibição do fator de crescimento de insulina (IGF) e a inibição da angiogênese(1).

Um aspecto importante a destacar é que existem várias substâncias que podem ser consideradas Vitamina D ou são transformadas pelo organismo em Vitamina D. A mais facilmente encontrada nas farmácias e drogarias é o colecalciferol. Este tipo, quando usado nas dosagens necessárias para ter efeitos terapêuticos, apresenta a possibilidade de um grave efeito colateral. As dosagens de tratamento com colecalciferol freqüentemente provocam hipercalcemia, que significa que a concentração sanguínea de cálcio fica anormalmente elevada e pode trazer conseqüências muito negativas para a saúde do paciente. Por esta razão o colecalciferol raramente é usado no tratamento.

Uma vez constatada a inadequação do colecalciferol e por existirem várias substâncias que podem ser consideradas Vitaminas D, foram realizadas pesquisas para verificar se elas possuem as mesmas propriedades anticancerígenas sem apresentar efeitos colaterais. Comumente estas variantes da Vitamina D são chamadas de análogos e várias delas demonstraram nas pesquisas as mesmas capacidades do colecalciferol para inibir o câncer sem, no entanto, apresentar o mesmo grau de toxidade e indução da hipercalcemia. Em um relato de pesquisa publicado recentemente no Journal of Neuro-oncology (2), onze pacientes com tumores cerebrais de alto grau (glioblastomas e astrocitomas anaplásicos) foram tratados com um análogo da Vitamina D chamado de alfacalcidol. Eles receberam 0,04 micro-gramas por quilograma de peso por dia e essa dosagem não provocou hipercalcemia. Os resultados deste tratamento foram muito bons se comparados aos resultados de tratamentos convencionais. O tempo mediano de sobrevivência foi de 21 meses, enquanto a sobrevivência mediana em outras terapias é 11,9 meses, e três dos onze pacientes se tornaram sobreviventes de longo prazo (acima de 5 anos). Embora o número de pacientes que tenham respondido ao tratamento seja pequeno, é considerável o fato de que um uma substância com pouca toxidade consiga produzir sobreviventes de longo prazo. Este achado é especialmente interessante porque há boas razões para se acreditar que a Vitamina D pode funcionar bem quando administrada em conjunto com o acutane (3), uma substância retinóide também usada como anticancerígeno.

Algumas das pesquisas evidenciaram que a efetividade da Vitamina D pode ser aumentada na presença de dexametasona(4), um corticóide muito usado nos tratamentos de tumores, ou de alguns antioxidantes, como carnosol, silibinina, licopeno, e selênio (5), sendo estes dois últimos facilmente encontrados no Brasil.

Um outro análogo da Vitamina D, o paracalcitol, também se demonstrou ser eficaz no tratamento de glioblastomas sem provocar hipercalcemia, mas infelizmente sua única forma de administração é injeção intravenosa, o que nos fez descartá-lo como possibilidade terapêutica.

Meu pai tem usado diariamente 0,50 micro-gramas de alfacalcidol divididos em duas tomadas. Não tem sido muito fácil encontrar medicamentos com este análogo da Vitamina D. Nós temos comprado um de nome Alfad na apresentação de 0,25 micro-gramas por glóbulo. O Laboratório fabricante é o Biosintética Ltda e é possível encomendar o produto nas boas farmácias.

Advertência: É importante notar que qualquer forma de Vitamina D pode provocar hipercalcemia, assim, caso você decida usar colecalciferol, alfacalcidol ou outro análogo, é muito importante avisar a seu médico e fazer exames periódicos de sangue para monitorar o nível de cálcio sérico. Por intermédio deste exame é possível administrar os riscos envolvidos e estabelecer a dosagem adequada. No caso particular de meu pai, temos feito exames a cada dez dias e, até agora, os níveis de cálcio têm estado normais.




Bibliografia:

1. Van den Bemd, G. J., & Chang, G. T. Vitamin D and Vitamin D analogues in cancer treatment. Current Drug Targets, 2002, Vol. 3, 85-94
2. Trouillas, P, et al. Redifferentiation therapy in brain tumors: long-lasting complete regression of glioblastomas and an anaplastic astrocytoma under long-term 1-alpha-hydroxycholecalciferol. Journal of Neuro-oncology, 51, 57-66
3. Bollag, W. Experimental basis of cancer combination chemotherapy with retinoids, cytokines, 1, 25-hydroxyvitamin D3, and analogs. Journal of Cellular Chemistry, 1994, Vol. 56, 427-435
4. Bernardi, R. J., et al. Antiproliferative effects of 1alpha,25-dihydroxyvitamin D(3) and vitamin D analogs on tumor-derived endothelial cells. Endocrinology, 2002, Vol. 143, 2508-2514
5. Danilenko, M., et al. Carnosic acid potentiates the antioxidant and prodifferentiation effects of 1 alpha,25-dihydroxyvitamin D3 in leukemia cells but does not promote elevation of basal levels of intracellular calcium. Cancer Research, 2003, Vol. 63, 1325-1332

18.1.06

Licopeno auxilia no tratamento de tumores cerebrais

(Inclui-se na classe das substâncias ainda sem completa comprovação de sua eficácia cientificamente no tratamento de tumores e cânceres.)
.
Esta substância é um carotenóide (1) que é encontrado abundantemente no tomate, mas ocorre também em vários outros vegetais de coloração vermelha (inclusive na melancia). Diferentemente de outro carotenóide bastante conhecido, o beta-caroteno (abundante na cenoura), ele não é transformado em Vitamina A, assim, quando ingerido em grandes quantidades não apresenta toxidade para o fígado.

A importância do licopeno para o tratamento de tumores é que ele é um potente antioxidante(8), isto é, ele tem a capacidade de combater os radicais livres, que, acredita-se, são uma das coisas que induzem as alterações do DNA provocando o câncer.

A opinião de que o licopeno poderia ser um aliado no combate ao câncer começou a se desenvolver quando pesquisadores constataram que em países onde o consumo de alimentos ricos licopeno é alto a incidência de vários tipos de câncer era significativamente menor do que em outros paises onde a dieta é muito pobre desta substância. Este tipo de estudo é chamado de epidemiológico e tem o propósito de identificar a distribuição das doenças em diferentes populações e identificar as razões pelas quais elas ocorrem, para desenvolver procedimentos que possam auxiliar no controle dos problemas de saúde.

Em um pequeno estudo clínico (2), envolvendo pacientes com câncer de próstata que iriam se submeter à cirurgia, dois grupos foram criados, um que consumiu licopeno por várias semanas antes da cirurgia e outro que não fez uso da substância. Os resultados apontaram que tanto o tamanho do tumor como a malignidade dele foram reduzidos no grupo submetido ao tratamento com licopeno, em relação ao grupo que não fez uso da substância. Vários estudos recentes têm demonstrado que o licopeno usado isoladamente é capaz de reduzir o PSA, um hormônio produzido exclusivamente pela próstata e que está relacionado à ocorrência de câncer neste órgão.

Num estudo experimental de laboratório (3) os pesquisadores analisaram os efeitos do licopeno e do beta-caroteno sobre células de tumores cerebrais em cultura e sobre tumores cerebrais implantados em ratos. A conclusão foi de que, em ambos os casos, o licopeno apresentou-se como capaz de inibir o crescimento tumoral. Adicionalmente, verificou-se que ele tem um efeito inibitório maior do que o dos retinóides, uma outra classe de substâncias usadas em tratamentos.

Em 2005, no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, foi relatado um estudo (4) com pacientes portadores de câncer cerebral (gliomas) no qual, além do tratamento com radioterapia, os pacientes receberam o medicamento quimioterápico Taxol e 8 mg diárias de licopeno ou um comprimido de placebo (5). Do grupo que recebeu licopeno 80% dos pacientes apresentaram regressões totais ou parciais do tumor, enquanto que no grupo tratado com placebo as regressões foram somente 44%. Ou seja, o licopeno aumentou a eficácia do tratamento significativamente.

Mais um aspecto relevante para o tratamento de tumores cerebrais do tipo glioma é fato de que o mecanismo de ação do licopeno provoca a inibição do fator de crescimento de insulina (IGF), que sabidamente está envolvido com o desenvolvimento da resistência à quimioterapia (quimioresistência) para diferentes tipos de medicamentos (6). Além disto, quando acompanhado de Vitamina D, a ação conjunta do licopeno com esta substância, em alguns tipos de câncer, ajuda a regular o ciclo celular (7).

Como já dito anteriormente, as melhores fontes de licopeno são os vegetais vermelhos. Alguns exemplos:
  • Tomate cru: de 5 a 16 mg em 100 gramas;
  • Tomate processado e produtos derivados: de 3 a 80 mg em 100 gramas;
  • Melancia: de 3 a 6 mg em 100 gramas.

Observação: as concentrações são apresentadas em faixas por que a quantidade de licopeno no alimento pode variar de acordo com as condições de cultivo.

Existem também vários medicamentos a base de licopeno que podem ser encontrados em farmácias no Brasil e no exterior, mas tenha cuidado com relação à procedência. Escolha um laboratório confiável e observe se não há na fórmula mais alguma vitamina que possa se tornar tóxica, caso você vá usar uma alta dosagem.

A maioria dos relatos de estudos clínicos menciona doses que vão de 8 mg até 37 mg por dia. Meu pai fará quimioterapia com temozolamida (Temodal) em seis ciclos de 5 por 28 dias, isto é, tomará o remédio por 5 dias seguidos e descansará por 23, voltando a tomar a partir do vigésimo nono dia e assim por diante. Faremos uso do licopeno da seguinte maneira:

  • Durante o período da quimioterapia, começando dois dias antes, um comprimido de 5 mg de licopeno a cada doze horas, com o objetivo de evitar a quimioresistência;
  • No período de 23 dias de descanso 37 mg de licopeno na forma de 330 ml por dia de suco de tomate, com o objetivo de combater o crescimento tumoral.



Bibliografia e explicações:

1-As substâncias químicas chamadas de carotenóides são pigmentos orgânicos que ocorrem naturalmente nas plantas, dando-lhes as cores características. Alguns carotenóides têm propriedades anticancerígenas, mas apresentam toxidade elevada quando usados em grandes quantidades.


2-Kucuk, O. et al. Phase II randomized clnical trial of lycopene supplementation before radical prostatectomy. Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention, 2001, Vol. 10, 861-868


3-Wang, C.J., et al. Inhibition of growth and development of the transplantable C-6 glioma cells inoculated in rats by retinoids ans carotenoids. Cancer Letters, 1989, 48, 135-142

4-Puri,T., et al., Role of natural lycopene and phytonutrients along with radiotherapy and chemotherapy in high grade gliomas. 2005 meeting of the American Society of Clinical Oncology, Abstract #1561

5-Um placebo é uma substância inerte usada como controle em experiências. O propósito de administrá-lo aos pacientes do grupo de controle é provocar o mesmo “efeito psicológico” que afeta os pacientes que estão tomando o medicamento verdadeiro. É um procedimento padrão em experiências científicas.

6-Karas, M., et al. Lycopene interferes with cell cycle progression and insulin-like growth factor I signaling in mammary cancer cells. Nutrition and Cancer, 2000, Vol. 36, 101-111

7-Amir, H., et al. Lycopene and 1,25-dihydroxyvitamin D3 cooperate in the inhibition of cell cycle progression and induction of differentiation in HL-60 leukemic cells. Nutrition and Cancer, 1999, Vol. 33, 105-112.

8-Deve-se destacar que antioxidantes são substâncias contidas nos alimentos e que reduzem a incidência de câncer. Estudos epidemiológicos evidenciam que Vitamina E, beta-caroteno, selênio e licopeno, todos antioxidantes, estão relacionados à redução do risco de câncer de pulmão, próstata, estomago, lesões pré-cancerosas na boca e do total dos diversos tipos de câncer.

9- Treatment Options for Glioblastoma and other Gliomas - Prepared by Ben A. Williams -August 1, 2005

5.1.06

Melatonina

Melatonina

(Inclui-se na classe das substâncias com eficácia cientificamente comprovada no tratamento de tumores e cânceres.)

 

Esta substância é um hormônio que ocorre naturalmente no organismo humano. Ela é produzida pela glândula pineal (que fica localizada no cérebro) e sua função original é regular o ciclo diário do corpo, chamado de ciclo circadiano. Em outros países (EUA e Europa), a melatonina sintetizada em laboratórios tem sido utilizada com muita freqüência para o tratamento de insônia e é vendida como suplemento alimentar em farmácias e supermercados, sendo possível obtê-la a preço baixo e em várias dosagens de apresentação. Infelizmente, no Brasil sua comercialização é proibida e para consegui-la você deverá pedir que alguém te mande do exterior ou comprar de um contrabandista. Nesta segunda hipótese, que eu tenho utilizado, é possível comprar melatonina da marca Optimun de 3 mg em frascos de 100 comprimidos por cerca de 50 reais. Nos EUA este mesmo produto pode ser encontrado por 1,95 dólares, ou seja, menos de cinco reais.

 

Mas porque a melatonina está sendo citada aqui como um suplemento para tratamento de câncer e tumores no cérebro? Porque existem fortes evidências científicas que comprovam sua grande utilidade.

 

Suas funções no tratamento:

§       Tem capacidade fortalecer o sistema imunológico, sendo que acredita-se que  ela provoca um aumento da atividade das células, conhecidas como linfócito T, que são  células de defesa do organismo contra agentes estranhos.;

§       Recentemente também foi demonstrado que a melatonina pode inibir a angiogênese, veja a referência bibliográfica número 1 (no fim do post) e veja no post anterior a importância da inibição da angiogênese.

§       É possível que ela tenha efeitos citotóxicos diretos sobre alguns tipos de células cancerosas e tumorais, notavelmente sobre células de melanoma.;

§       A melatonina não possui, ela mesma, efeitos tóxicos conhecidos ou efeitos colaterais;

§       Uma pesquisa realizada na Itália com um pequeno número de portadores de tumores cerebrais foi feita nos seguintes moldes. Os pacientes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo foi operado e recebeu radioterapia e o segundo grupo, além da cirurgia e radioterapia, recebeu 20 mg por dia de melatonina durante a radioterapia e continuou a tomar melatonina posteriormente. O Resultado: o número de sobreviventes após um ano da cirurgia foi 585% maior no grupo que usou melatonina; (ver 2)

§       Outros estudos comprovaram os o efeito complementar da melatonina e outros ainda estão em andamento. Vários envolvem cânceres em outras partes do corpo.

§       Observou-se que o uso de melatonina diminui os efeitos colaterais de alguns tipos de quimioterapia, especialmente no que diz respeito à contagem sanguínea. (ver 3)

§       Um grande estudo envolvendo 250 pacientes com diversos tipos de cânceres metatastático avançados também dividiu os paciente em dois grupos, um recebia a quimioterapia e ou outro recebia quimioterapia mais 20 mg de melatonina por dia. Os resultados são os seguintes: (a) no grupo que recebeu a melatonina  o número de regressões dos tumores foi 125% maior que no grupo de usou somente a quimioterapia; (b) no grupo da melatonina houve 6 regressões completas enquanto no outro grupo não houve nenhuma; (c) o numero de sobreviventes por mais de um ano foi 120% maior nos pacientes que usaram melatonina. (ver 4)

 

Essas informações deixam poucas dúvidas sobre os aspectos benéficos do uso da melatonina, ela não só incrementa a eficácia da quimioterapia como também reduz sua toxidade. Os efeitos da melatonina são robustos e da maior significância clínica.

 

Sendo tão boa, porque não é comercializada no Brasil e porque não se tem notícia dos benefícios? Acontece que a melatonina é uma substância natural e portanto não pode ser patenteada. Se não pode ser patenteada ela pode ser produzida por muitos laboratórios e isto faz com que seu preço caia. Obviamente, os grandes laboratórios não tem interesses em substâncias deste tipo, porque podem cobrar valores absurdos por medicamentos patenteados, desta forma não existe nenhum tipo de divulgação séria de substâncias naturais com evidências de eficácia cientificamente demonstrada. Quanto a não ser vendida no Brasil, procurei bastante a razão mas não encontrei. Só sei que existe uma proibição por parte da ANVISA (agência que fiscaliza a vigilância sanitária) e, ademais, nós sabemos que nem tudo funciona como deveria por aqui.

 

Curiosamente os efeitos benéficos do uso da melatonina para tratamento de tumores e cânceres são ignorados não só aqui no Brasil. Os oncologistas americanos também a tem ignorado largamente. Haveria alguma razão econômica por traz disso?

 

 

Referências Bibliográficas:

 

1.     Lissoni, P., et al. Anti-angiogenic activity of melatonin in advanced cancer patients. Neuroendocrinology Letters, , 2001, Vol. 22, 45-47

2.     Lissoni, P., et al. Increased survival time in brain glioblastomas by a radioneuroendocrine strategy with radiotherapy plus melatonin compared to radiotherapy alone. Oncology, 1996, Vol. 53, pp. 43-46

3.     Lissoni, P., et al. Randomized study with the pineal hormone melatonin versus supportive care alone in advanced non-small cell lung cancer resistant to a first-line chemotherapy containing cisplatin. Oncology, 1992, Vol. 49, pp. 336-339

4.     Lissoni, P., et al. Decreased toxicity and increased efficacy of cancer chemotherapy using the pineal hormone melatonin in metastatic solid tumor patients with poor clinical status. European Journal of Cancer, 1999, Vol. 35, pp. 1688-1692

5.     Lissoni, P. et al. Five year survival in metastatic non-small cell lung cancer patients treated with chemotherapy alone or chemotherapy and melatonin: a randomized trial. Journal of Pineal Research, 2003, Vol. 35, 12-15

 

 

2.1.06

Fatores Para Intervir e Ajudar a Controlar Cânceres e Tumores

Durante estes meses em que tenho estudado os assuntos "tumor cerebral" e "câncer", tive muitas dificuldades para entender os fatores determinantes da moléstia e sobre em que aspectos ou variáveis é possível influir para melhorar as condições de sobrevida ou tentar a cura. Devo confessar que estive muitas vezes a ponto de desistir. A terminologia técnica, o uso de vários termos para representar uma mesma coisa e a enorme complexidade do problema desnorteiam qualquer um que não seja da área. Acredito que até os que trabalham exclusivamente com esses assuntos, às vezes, se sentem bem perdidos.

Depois de vasculhar inúmeros artigos científicos, fiz uma lista de fatores que são importantes e para os quais existem meios de interferir. A forma de influenciar estes "elementos" envolvidos com a doença nem sempre tem uma comprovação científica completamente aceita, mas, como esse tipo de doença é muito grave e muita gente vê como válidas "garrafadas" e benzedeiras de todas espécies, acredito que qualquer possibilidade terapêutica, que tenha um razoável número de evidências científicas favoráveis, deve ser tentada ou agregada, pois irá aumentar as chances de cura. Mesmo que as probabilidades sejam pequenas, é melhor somar esforços do que ficar esperando passivamente o que está previsto no prognóstico padrão.

A lista de fatores que apresentarei abaixo certamente não é completa e não tem rigor médico/científico, mas compreende alguns aspectos cruciais para o tratamento. Qualquer um que puder ajudar a melhorá-la e se dispuser a escrever um comentário, terá sua iniciativa calorosamente acolhida e, se o comentário for pertinente, o post será corrigido ou implementado com ele.

Em breve estarei relacionando aqui meios de influir nos fatores relacionados, complementando a terapia. Todas as sugestões estarão acompanhadas das referências às evidências científicas que as justificam.


Os Fatores


Impedir a Angiogênese

Os tumores para crescerem necessitam grande quantidade de alimentos e energia. Eles obtêm este material estimulando a criação de vasos sanguíneos (veias e artérias) que levem até eles o que for necessário. A criação de vasos sanguíneos é chamada de angiogênese. Se pudermos evitá-la (a angiogênese), estaremos dificultando a proliferação e crescimento das células do tumor. Assim, ao criarmos obstáculos ao crescimento de novos vasos sanguíneos, poderemos evitar o crescimento do tumor, provocar sua estabilização ou mesmo sua diminuição.

Um outro aspecto importante de combater a criação de vasos sanguíneos (que também é chamada de anti-angiogênese) é que, ao prejudicar as condições favoráveis para o crescimento do tumor damos oportunidade para que outros tratamentos possam matar as células cancerosas ou tumorais, isto é, facilitamos o trabalho de outros remédios.

Usar Substâncias Citotóxicas para matar células tumorais

A expressão citotóxica vem da junção de duas palavras: cito - que significa célula - e tóxica. Assim, uma substância citotóxica é aquela que é tóxica para a celula ou células. Em geral, medicamentos quimioterápicos são substâncias muito tóxicas para as células cancerosas e são administrados aos pacientes com o propósito de matar essas células. O problema é que, muitas vezes, afetam também outras células do organismo provocando graves efeitos colaterais adversos e indesejados.

Além dos medicamentos criados industrialmente, existem muitas substâncias naturais que apresentam a capacidade de matar células de diversos tipos de tumores ou contribuir facilitando a ação dos quimioterápicos. Muitas dessas, quando aplicadas nas doses corretas, apresentam nenhum ou raros efeitos colaterais, de forma tal que usá-las pode contribuir muito e fazer pouquíssimos estragos.

É conveniente lembrar aqui de duas coisas: (1) muitos medicamentos industrias são derivados, refinamentos ou aprimoramentos de substâncias encontradas na natureza (a Penicilina e o Ácido Acetilsalicílico - AAS são exemplos) e (2) como dizia o médico suíço Paracelso (1493-1541), "a diferença entre o remédio e o veneno está na dose". Desta forma, é perfeitamente viável usar substâncias naturais como coadjuvantes dos tratamentos, desde que a dose usada seja suficiente para provocar um efeito benéfico, mas não seja exagerada a ponto de se tornar tóxica e prejudicar o paciente.

Incrementar a efetividade da quimioterapia

Alguns tumores, como o glioblastoma multiforme, possuem poucos medicamentos efetivos para seus tratamentos. Freqüentemente são medicamentos muito caros e, às vezes, de eficácia parcial. Nestas circunstâncias, é importante potencializar ao máximo o efeito do remédio e, para isto, existem algumas substâncias naturais que ajudam. Existem também substâncias de origem industrial que se prestam a este propósito, algumas vezes são remédios indicados para outras doenças.

Diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia

Muitos de nós sabemos por experiência própria ou de ouvir falar que os tratamentos com muitos medicamentos quimioterápicos têm o grave inconveniente de provocarem reações adversas importantes. Os efeitos colaterais mais comuns, entre outros, incluem:
  • Queda de cabelo

  • Alterações nas células do sangue

  • Diarréia

  • Náuseas e Vômitos

  • Toxidade sobre o sistema nervoso

  • Alterações sexuais

  • Obstipação

  • Alterações de pele e unha

Alguns destes problemas são pouco relevantes ou transitórios e desaparecerão quando o tratamento terminar, mas existem aqueles que devem ser acompanhados de perto e é preciso fazer algo para controlá-los.

Minimizar a quimioresistência

Um outro problema é a chamada quimioresistência, que é a capacidade que as células de alguns tipos de tumores desenvolvem para resistir aos efeitos tóxicos do medicamento quimioterápico. Isto é, essas células "aprendem" que aquelas substâncias (os remédios) são prejudiciais para elas e desenvolvem formas de expulsar o agente nocivo ou evitar seus efeitos. Com o tempo estes remédios podem perder sua utilidade. Por isso, utilizar meios de impedir, retardar ou minimizar a quimioresistência é um procedimento de grande importância pois aumenta a vida útil dos remédios e as chances de que eles venham a matar as células tumorais.

Diminuir os Efeitos Colaterais da Radioterapia

O uso de radiação no tratamento de tumores cerebrais é comum, mas isto pode provocar déficits neurológicos substanciais e estes déficits podem vir a aparecer vários anos após o tratamento. Existem algumas técnicas recentes de aplicação da radiação que visam minimizar os efeitos secundários do tratamento, mas há poucos locais onde ela está disponível e, na maioria dos casos, a eficácia ainda não foi comprovada. Exemplos destas técnicas são a implantação de "sementes radioativas" no local do tumor ou a administração de radiação via "anticorpos monoclonais". Apesar deste panorama, há algumas coisas que se pode fazer para melhorar a situação.

Inibir a proliferação celular do tumor

Como já dito em uma postagem anterior, um tumor é uma massa formada pelo crescimento de células anormais ou pela proliferação descontrolada de células. Alguns tipos de tumores têm uma velocidade de crescimento muito acelerada ou produzem células muito anormais, de tal forma que intervir tentando frear esta velocidade ou regular o ciclo de reprodução das células para que elas se multipliquem de forma normal é uma das estratégias que deve ser considerada no processo terapêutico.

Fortalecer o Sistema Imunológico

As células tumorais têm uma estrutura genética diferente das células normais, elas produzem substâncias (proteínas) estranhas ao organismo, que podem ser detectadas pelo sistema imunológico e provocar o mesmo tipo de reação de defesa que é provocada por invasores como vírus e bactérias. Este fato básico sugere que fortalecer o sistema imunológico pode ser uma abordagem efetiva no combate ao tumor.

Outro aspecto relevante, que justifica a iniciativa de fortalecer a imunidade do organismo, é que muitos dos medicamentos utilizados comumente nos tratamentos acabam por debilitar o sistema imunológico e permitir que outras doenças, principalmente as contagiosas, se instalem.

Ativar Genes Supressores de Tumores

Descobriu-se que existem genes que são capazes de impedir a proliferação tumoral. O gene p53, por exemplo, inibe crescimento e multiplicação celular se detectar danos do DNA e nos tumores há alterações do DNA. A atividade deste gene envolve tentar reparar os danos verificados e quando isto não é possível ele desencadeia o processo de morte da célula tumoral danificada, cujo nome técnico é apoptose; ou seja, se conseguirmos que este gene seja ativado ele fará parte do trabalho de matar o tumor.

Conter o Processo Inflamatório

Para vários tipos de tumores, nas áreas em que eles estão se expandindo, existe um intenso processo inflamatório. No caso particular de meu pai, e em muito outros casos, o edema (inchaço) do cérebro por conta da inflamação foi o que provocou as manifestações que nos levaram ao diagnóstico. Quando o processo inflamatório é muito severo, ele pode ser fatal. Ao agirem sobre o processo inflamatório, vários medicamentos inibem o crescimento dos tumores.

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