Antioxidantes e Quimioterapia: confronto ou colaboração no tratamento de Glioblastoma Multiforme?
Desde que comecei a pesquisar tratamentos para o Glioblastoma Multiforme vi muitas referências e evidências favoráveis ao uso de antioxidantes no combate ao câncer. Os artigos sobre Melatonina, Selênio e Licopeno, todos eles antioxidantes, trazem evidencias cientificamente comprovadas da utilidade e trazem também as referências bibliográficas destas comprovações.
Uma dúvida:
Recentemente, descobri que existe uma controvérsia na comunidade científica quanto ao uso simultâneo de antioxidantes e quimioterápicos. Alguns especialistas argumentam que certos medicamentos (entre eles o temodal) dependem de reações de oxidação para serem eficazes. Assim, ao se administrar antioxidantes estaríamos diminuindo a eficácia da quimioterapia. A posição não é unânime, havendo muitos que defendem exatamente o oposto.
Escrevi a uma Professora Doutora de uma renomada Faculdade de Farmácia na esperança de obter uma orientação qualificada e que elucide a dúvida. O texto deste e-mail, com detalhes do problema, aparece mais abaixo. Por ora, decidi ser precavido e recomendo a seguinte regra geral:
"Não use antioxidantes nos dias da administração do temodal. Pare um dia antes e recomece um dia depois."
O texto do e-mail à professora.
Prezada Profª Doutora...
Estou lhe escrevendo para pedir encarecidamente um auxílio que, absolutamente, não é sua obrigação me prestar.
Sou leigo em Farmácia, mas o problema que enfrento diz respeito à farmacocinética e interações medicamentosas. Desde já, aviso que nenhum dos médicos que consultei soube me elucidar a duvida, por isto recorro a uma especialista.
Vou procurar descrever o problema brevemente.
Meu pai foi acometido por um câncer chamado Glioblastoma Multiforme, que é um tumor cerebral primário de altíssima malignidade e letalidade. Também é muito raro (4 casos por 100000 habitantes), de tal forma que é relativamente pouco estudado. Ele (o meu pai) foi submetido à cirurgia (que obteve ótima ressecção do tumor), radioterapia e, agora, está passando pelos ciclos de quimioterapia. O medicamento que está sendo usado como quimioterápico é a temozolomida (temozolomide), recentemente aprovada pela F.D.A. como first-line no tratamento dessa doença. Ele representou um substancial avanço, pois eleva o número de pessoas que sobrevivem dois anos após o diagnóstico de 4% para cerca de 24%. Apesar de ser um progresso, é óbvio que o tratamento protocolar (cirurgia + rádio + quimio) é flagrantemente insuficiente, dado que, mesmo com a temozolomida, 76% dos diagnosticados vão a óbito em menos de 2 anos e a sobrevida mediana é de apenas 13,9 meses.
Frente a este quadro completamente devastador, concluí pelo óbvio: -era preciso tentar algo mais, talvez muito mais. Felizmente, possuo um pouco de formação científica e acho que comecei a pesquisar em locais sólidos, principalmente o PubMed , que, como a senhora sabe, é um serviço da Biblioteca Nacional de Medicina e do Instituto Nacional de Saúde, ambos americanos. Lá, entre milhões de abstracts de pesquisa sobre saúde, encontrei 11450 referências a glioblastoma. Acabei por localizar um sem número de substâncias com potencial ação antitumoral. Em especial, me chamaram a atenção alguns antioxidantes, que têm evidências de efeitos positivos contra gliomas e baixa toxidade nas doses terapêuticas. Muitos dos estudos em que são mencionadas as evidências são apenas in vitro ou com animais, mas também existem alguns clinical trials de fase I ou II. Falo especificamente de quatro substâncias: selênio, melatonina, licopeno e Omega-3 (tanto EPA como DHA), que poderiam aumentar as chances de cura, sobrevida e qualidade de vida de meu pai.
Agora o problema:
Recentemente descobri que a temozolomida é um agente alquilante e que dependeria de oxidação para ter efetividade no tratamento do tumor. Desta forma, ao administrar simultaneamente antioxidantes, eu estaria diminuindo ou impedindo a eficácia. Pesquisando sobre o assunto percebi que existe uma controvérsia entre pesquisadores científicos, uns afirmando que os antioxidantes prejudicam a eficácia da quimioterapia e outros afirmando que não e que, inclusive, poderiam potencializá-la.
A princípio pensei em desistir do uso dos antioxidantes, mas depois me ocorreu que a temozolomida deve ter um período curto de ação sobre o organismo e que, no intervalo entre um ciclo e outro da quimioterapia, seria possível o uso das substâncias mencionadas. Tentei entender a farmacocinética da temozolomida, mas devo admitir minha completa incapacidade.
Especificamente o que estou pedindo:
Estou enviando em anexo a este e-mail bulas americanas da temozolomida, lá chamada comercialmente de Temodar. Não envio a brasileira por que ela é incompleta em relação àquelas. Acrescento abaixo três links com dados sobre a farmacocinética:
- Temozolomide and Treatment of Malignant Glioma
- Metabolic Activation of Temozolomide Measured in Vivo Using Positron Emission Tomography
- Plasma and Cerebrospinal Fluid Population Pharmacokinetics of Temozolomide in Malignant Glioma Patients
Neste último estudo encontrei o gráfico abaixo, que pode ser visto no original clicando-se sobre ele.
O que pude concluir lendo o material enviado, o gráfico e os textos dos links é que, tanto do plasma como no líquido cérebro espinal, 24 horas depois da administração a concentração de temozolomida é virtualmente nula.
O Temodal (nome comercial aqui) é administrado em ciclos de 5 dias em cada 28. As minhas perguntas são:
- Minha conclusão sobre a concentração após 24 horas da administração é correta?
- Lendo as bulas e os estudo seria possível para a senhora dizer por quanto tempo perdura a ação terapêutica?
- Se sim, qual seria este período?
- Caso eu resolva usar os antioxidantes, seria prudente parar quantos dias antes do início da administração do Temodal e recomeçar quantos dias depois?
- Responda somente se achar que pode(do ponto de vista ético): devo usar os antioxidantes simultaneamente à temozolomida, em períodos alternados ou não devo usá-los?
Desresponsabilização
Desde já esclareço que estou pedindo uma orientação estritamente técnica e que não espero que a Senhora extrapole os limites éticos e legais de sua profissão. Acrescento que assumo total responsabilidade sobre o que eu vier a fazer com base em suas respostas, isentando-a completamente de toda e qualquer responsabilidade.
Eu e meu pai agradecemos imensamente por ter tido a paciência de ler este e-mail e por qualquer resposta ou orientação que possa nos dar.
Caso queira ler mais sobre nossa luta de Davi contra um gigante chamado Glioblastoma, acesse Diário de um Tumor Cerebral.
Um Grande Abraço.
4 Comments:
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Caros amigos,meu irmão está em tratamento para glioblastoma multiforme.Usou temozolamida com excelente resultado (4,5 anos de estabilidade).Atualmente, houve reativação da lesão e usou imatinib+nitrosuréia sem boa resposta.Esta semana iniciou irinotecan+carmustina.Ele está assintomático todo este tempo e em ótimo astral.Recomendo a todos leitores desta página, o maior e mais eficaz tratamento para a doença:Jesus.Leiam as obras de Allan Kardec e Chico Xavier.Tenham fé.Pensem positivo.O pensamento no bem, gera repercussões positivas sobre o nosso organismo e permite a sintonia ao Creador que é AMOR.Meu irmão apresenta, no momento, uma grande lucidez e tranqüilidade.Não se tornou radical.Não escuto reclamações, lamúrias, queixas sobre ineficácia de tratamentos ou sobre o caráter de médicos.Nada de pessimismo, ansiedade ou depressão.Meu irmão é hoje um homem de fé.Distribuindo esperança e certeza de um dia melhor para todos.
Quem sabe sobre o amanhã é Deus.Não queiramos prever, o que não nos é possível.Como explicar casos que fogem as análises estatísticas e que são, por isso, excluídos na maioria das vezes dos estudos?Indivíduos com determinados tumores, que não geram sintomas importantes?Como explicar pessoas cujo prognóstico é muito diferente daquele da maioria?Genética apenas?
Atitude no bem e merecimento.Nada é por acaso.Se Deus existe e é amor, não poderia sortear doenças ou desgraças.Deve existir um sentido de crescimento para os nossos sofrimentos.TENHAM FÉ.TENHO UM EXEMPLO VIVO DA EFICACIA DA FÉ E DA CARIDADE EM MINHA CASA. Recomendo ainda o livro "A roda da vida", da médica Elisabeth Kluber-Ross e "as palestras (em CD)e livros do Sr.Divaldo Franco".
Este foi o caminho escolhido pelo meu irmão, que o tem ajudado a entender o problema, mas existem outros que também levam ao Pai.Orem e entrem em sintonia com ele diariamente.Saúde para todos nós.
xyoroolá preciso conversar com alguém que já fez quimioterapia ambulatorial, pois estou desenvolvendo o projeto de uma cadeira para quimioterapia e tenho que saber a opinião de quem já usou!Se conhecer alguém passe meu e-mail, por favor, daidads@gmail.com
Obrigada!
Caros amigos, meu pai finalizou, no dia 17/01/08, o uso da temozolamida juntamente à radioterapia. Na quarta-feira que passou, dia 06/02/08, fez uma ressonância para ver como havia reagido o tratamento e o resultado foi péssimo. Não houve melhora nenhuma. Ele já fez cirurgia em outubro do ano passado para retirada do tumor no cérebro e agora os médicos já suspenderam a segunda etapa de temozolamida, pois não tem mais o que fazer. Estou desesperada e acredito que só me resta rezar. Ele está lúcido e ciente. Perdeu um pouco da fala, não consegue falar perfeitamente.
Se alguém tem uma luz, por favor, meu e-mail: lulufer@terra.com.br. Grande abraço, Luciane
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