1.6.06

Nova perspectiva na utilização de quimioterapia

USP desenvolve técnica para aumentar a eficiência e diminuir os efeitos colaterais de drogas amplamente utilizadas no tratamento de câncer.


O tratamento do câncer com a quimioterapia pode ser mais eficiente e menos tóxico. Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, cientistas conseguiram adaptar drogas amplamente utilizadas nesse tipo de tratamento à tecnologia de transporte de quimioterápicos por eles desenvolvida. A pesquisa resulta de um trabalho conjunto da FCF e o Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

Em cânceres como o de ovário e o de mama, as células cancerígenas são mais afetadas pelo medicamento quando ele é transportado pela partícula desenvolvida na pesquisa (a LDE), que funciona como um "pacote" endereçado a essas células. Construída de maneira a ser identificada como a partícula que provê substâncias essenciais ao desenvolvimento do câncer, a LDE possibilita um acesso mais direto e eficaz às células doentes. "Com essa tecnologia, tem-se a chave da porta da célula", afirma o professor Raul Maranhão, coordenador da pesquisa.

Novos fármacos
Para que exista a possibilidade de a partícula transportar diferentes quimioterápicos, o pesquisador explica que o fármaco deve ser alterado quimicamente de forma a estabilizá-lo dentro da LDE e não anular as suas propriedades terapêuticas. Os primeiros testes foram feitos com a carmostina - droga de uso restrito devido a sua elevada toxidade, mas de fácil manipulação no sistema LDE. Em camundongos, a nova preparação se mostrou mais eficiente e menos tóxica do que a comercial. Em seres humanos, foi constatado que a toxicidade do quimioterápico fica drasticamente reduzida. "A quimioterapia do câncer fica tão tranqüila quanto o tratamento de uma infecção com antibióticos", afirma Maranhão.

Recentemente, quatro novos fármacos de amplo uso em quimioterapias foram adaptados à tecnologia de transporte. Dentre eles está o taxol (ou paclitaxel), um quimioterápico de primeira linha no tratamento de câncer de mama. "Essa é uma tentativa de organizar um arsenal básico de quimioterápicos incorporáveis à LDE para um estudo mais amplo do sistema de tratamento", aponta o professor.

Estudos feitos em pacientes mostram que, naqueles com câncer de ovário, a LDE conseguiu gerar uma concentração de fármaco na célula cancerosa dez vezes maior. Em pacientes com câncer de mama, essa concentração foi cinco vezes maior. Em casos de leucemia, de mieloma múltiplo (ambos tipos de câncer que atingem a medula óssea) e de linfomas (câncer que atinge o sistema linfático, responsável pela defesa do corpo), a concentração de medicamento também se mostrou maior.

A menor toxidade do tratamento também foi evidenciada no estudo. "Pacientes com linfomas e câncer de mama tiveram os efeitos colaterais da quimioterapia (como queda de cabelo e baixa resistência) praticamente anulados, já que as preparações ficaram quase sem toxidade", afirma o pesquisador.

Cavalo de tróia
"As células cancerosas têm como característica sua reprodução descontrolada. Para criar novas células, precisa-se, dentre outras substâncias, de colesterol. Esse tipo de gordura interessa ao câncer quando transportada por uma partícula denominada LDL", descreve Maranhão. Existente na proporção de bilhões por centímetros cúbicos (cm3) de sangue, essa partícula consegue entrar na célula cancerosa com ajuda de receptores - os quais têm seu número duplicado para suprir as necessidades de colesterol da célula.

A idéia inicial da pesquisa era desenvolver uma partícula muito parecida com a LDL que possibilitasse um acesso direto às células com câncer - já que as drogas utilizadas na quimioterapia são administradas por meio da corrente sangüínea. Em 1993, a equipe de Maranhão conseguiu construir essa partícula, que chamaram de LDE para lembrar a analogia com a LDL.

Carregando quimioterápico no lugar do colesterol, o novo transportador é "recepcionado" pela célula cancerosa como se fosse a LDL, o que permite sua entrada. "Na quimioterapia tradicional, o fármaco atinge em quantidades iguais tanto células doentes quanto células normais. Com a técnica de 'empacotamento' desenvolvida, as células cancerosas são atingidas em maior número, garantindo maior eficiência no tratamento", afirma Maranhão.

Apesar dos resultados positivos alcançados, o pesquisador pondera que ainda faltam fazer alguns trabalhos clínicos, em pacientes com câncer, para que a aplicação de quimioterápicos por meio da LDE possa ser feita no tratamento da doença. "Mas todo o projeto está, teoricamente, pronto para ser implantado".

Mais informações: (11) 3069-5951, com Raul C. Maranhão; e-mail ramarans@usp.br

Copiado de matéria de Aline Moraes / Agência USP publicada originalmente em: "Quimioterapia em cânceres como o de mama pode ter efeitos colaterais reduzidos"

1 Comments:

At 11:08, Anonymous Anônimo said...

Meu nome é claudia procurei muito sobreo doença que tirou minha avó de mim, mas achei pouco coisa sobre ela é enfarto intestinal, como queria muito colocar o que eu minha familia e minha vó passamos nao achei um site mais relacionado,mas vou colocar aqui :
Minha avó 66 anos uma saude de ferro, derepente comçou a sentir dor no estomago feizemos varios exames e ai foi descoberto as pedras na visicula dela , apos a opreção foi tudo bem, mas ela nao consegui comer a tempo , os medicos resolveram fazer uma nova cirurgia, e constarão que o intestino dela estava morto, nao havia mais cheito , se nao milagre de deus e minha ávó ficou na uti 2 dias apos a cirurgia e depois de 48 hr ela veio a obito com enfarte no coração. Nossa familia sofreu muito por para nos era so a pedra na visicula , gostaria muito que os medicos e outras pessoas prestasse muito mais atenção nas doenças de estomago e verificar o intestino por que tal vez se fosse diagnosticado antes ela estivesse aqui comigo, eu e nao precisaria relatar nada disso.
Agradeço por lerem.
email para : claudialllindinha@hotmial.com

 

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