30.1.06

O Uso de Vitamina D ( Alfacalcidol ) no Tratamento de Tumores Cerebrais.

(Inclui-se na classe das substâncias com eficácia cientificamente comprovada no tratamento de tumores e cânceres.)

Numerosos estudos de laboratório já demonstraram que a Vitamina D é altamente citotóxica para as células cancerosas devido a diferentes mecanismos de ação. Muitas das pesquisas concluem que esta substância tem a capacidade de regular os genes que controlam o ciclo de reprodução celular, provocando um processo adequado de diferenciação das células, fazendo-as tornarem-se maduras e evitando que elas formem-se com características mal diferenciadas, o que é típico no câncer. Outros efeitos do uso da Vitamina D mencionados são a inibição do fator de crescimento de insulina (IGF) e a inibição da angiogênese(1).

Um aspecto importante a destacar é que existem várias substâncias que podem ser consideradas Vitamina D ou são transformadas pelo organismo em Vitamina D. A mais facilmente encontrada nas farmácias e drogarias é o colecalciferol. Este tipo, quando usado nas dosagens necessárias para ter efeitos terapêuticos, apresenta a possibilidade de um grave efeito colateral. As dosagens de tratamento com colecalciferol freqüentemente provocam hipercalcemia, que significa que a concentração sanguínea de cálcio fica anormalmente elevada e pode trazer conseqüências muito negativas para a saúde do paciente. Por esta razão o colecalciferol raramente é usado no tratamento.

Uma vez constatada a inadequação do colecalciferol e por existirem várias substâncias que podem ser consideradas Vitaminas D, foram realizadas pesquisas para verificar se elas possuem as mesmas propriedades anticancerígenas sem apresentar efeitos colaterais. Comumente estas variantes da Vitamina D são chamadas de análogos e várias delas demonstraram nas pesquisas as mesmas capacidades do colecalciferol para inibir o câncer sem, no entanto, apresentar o mesmo grau de toxidade e indução da hipercalcemia. Em um relato de pesquisa publicado recentemente no Journal of Neuro-oncology (2), onze pacientes com tumores cerebrais de alto grau (glioblastomas e astrocitomas anaplásicos) foram tratados com um análogo da Vitamina D chamado de alfacalcidol. Eles receberam 0,04 micro-gramas por quilograma de peso por dia e essa dosagem não provocou hipercalcemia. Os resultados deste tratamento foram muito bons se comparados aos resultados de tratamentos convencionais. O tempo mediano de sobrevivência foi de 21 meses, enquanto a sobrevivência mediana em outras terapias é 11,9 meses, e três dos onze pacientes se tornaram sobreviventes de longo prazo (acima de 5 anos). Embora o número de pacientes que tenham respondido ao tratamento seja pequeno, é considerável o fato de que um uma substância com pouca toxidade consiga produzir sobreviventes de longo prazo. Este achado é especialmente interessante porque há boas razões para se acreditar que a Vitamina D pode funcionar bem quando administrada em conjunto com o acutane (3), uma substância retinóide também usada como anticancerígeno.

Algumas das pesquisas evidenciaram que a efetividade da Vitamina D pode ser aumentada na presença de dexametasona(4), um corticóide muito usado nos tratamentos de tumores, ou de alguns antioxidantes, como carnosol, silibinina, licopeno, e selênio (5), sendo estes dois últimos facilmente encontrados no Brasil.

Um outro análogo da Vitamina D, o paracalcitol, também se demonstrou ser eficaz no tratamento de glioblastomas sem provocar hipercalcemia, mas infelizmente sua única forma de administração é injeção intravenosa, o que nos fez descartá-lo como possibilidade terapêutica.

Meu pai tem usado diariamente 0,50 micro-gramas de alfacalcidol divididos em duas tomadas. Não tem sido muito fácil encontrar medicamentos com este análogo da Vitamina D. Nós temos comprado um de nome Alfad na apresentação de 0,25 micro-gramas por glóbulo. O Laboratório fabricante é o Biosintética Ltda e é possível encomendar o produto nas boas farmácias.

Advertência: É importante notar que qualquer forma de Vitamina D pode provocar hipercalcemia, assim, caso você decida usar colecalciferol, alfacalcidol ou outro análogo, é muito importante avisar a seu médico e fazer exames periódicos de sangue para monitorar o nível de cálcio sérico. Por intermédio deste exame é possível administrar os riscos envolvidos e estabelecer a dosagem adequada. No caso particular de meu pai, temos feito exames a cada dez dias e, até agora, os níveis de cálcio têm estado normais.




Bibliografia:

1. Van den Bemd, G. J., & Chang, G. T. Vitamin D and Vitamin D analogues in cancer treatment. Current Drug Targets, 2002, Vol. 3, 85-94
2. Trouillas, P, et al. Redifferentiation therapy in brain tumors: long-lasting complete regression of glioblastomas and an anaplastic astrocytoma under long-term 1-alpha-hydroxycholecalciferol. Journal of Neuro-oncology, 51, 57-66
3. Bollag, W. Experimental basis of cancer combination chemotherapy with retinoids, cytokines, 1, 25-hydroxyvitamin D3, and analogs. Journal of Cellular Chemistry, 1994, Vol. 56, 427-435
4. Bernardi, R. J., et al. Antiproliferative effects of 1alpha,25-dihydroxyvitamin D(3) and vitamin D analogs on tumor-derived endothelial cells. Endocrinology, 2002, Vol. 143, 2508-2514
5. Danilenko, M., et al. Carnosic acid potentiates the antioxidant and prodifferentiation effects of 1 alpha,25-dihydroxyvitamin D3 in leukemia cells but does not promote elevation of basal levels of intracellular calcium. Cancer Research, 2003, Vol. 63, 1325-1332

3 Comments:

At 12:08, Anonymous Anônimo said...

Oi, vi a propaganda do seu blog na comunidade Medicina e li todo o relato. Sou estudante de medicina e fico chateado pelo fato de a ciência não ter melhores tratamentos para esses casos. Isso sem contar o "precinho" "tão em conta" do famoso neurocirurgião. Eu teria vergonha de cobrar 450 reais uma consulta. Acho que 150 seria um valor razoável levando em conta a condição financeira do nosso país.

Estou torcendo pelo seu pai. 4% de sobrevida após 2 anos. É um número pequeno, mas se o teu pai estiver incluido nesses 4% vira 100%. Então tenham fé. Pelos seus posts imagino que vc tem bom-senso que infelizmente nem todo mundo tem. O seu pai já sabe do diagnóstico e do prognóstico dele? Eu te indico a leitura do livro "Por um fio" do Drauzio Varela, esse livro me tocou muito e pode servir de muita ajuda para vc.

Um abraço e gostaria de ter notícias.

 
At 09:22, Anonymous Anônimo said...

Bom dia Miguel:

Mais uma vez agradeço os seus comentários, percebo a atenção com que vc responde à todos. Meu marido acaba de concluir um mês de Temodal, porém estivemos no consultório da médica e, essa nos disse que ele continuará tomar até concluir a radio. Na minha cidade, a radio não funciona nos finais de semana, portanto esses dias, além dos dias que parou para manutenção. Meu marido ficou extremamente decepcionado. Em sua concepção não tomaria o remédio por mais 09 dias. Acho que a médica também não se fez clara quando falou do tempo de medicação. Ela disse que também pediria a medicação de acordo com sua aceitação de tratamento, já que essa medicação é bastante cara e, se acaso ele não aceitasse bem o tratamento, a medicação ficaria sem fazer uso, já que somente ele, está fazendo uso dessa medicação no serviço. Meu marido ficou bastante contrariado por ter que continuar a tomar o temodal já que os efeitos colaterais da medicação começam a acontecer. Como suas taxas hematológicas estão boas, a médica acha melhor continuar tomando a medicação até o final da radio. No mês que vem, tomará durante cinco dias consecutivos uma dose maior do que está tomando agora. Agora está tomando 1 comprimido de 100 mg e 2 de 20 mg ao dia. Isso calculado de acordo com sua altura e peso corporal. Como disse, ele está bastante contrariado com essa situação, acha a medicação muito forte e teme pelos efeitos. A radio está ocasinando esquecimentos e sua marcha está comprometida. Em sua opinião, está se sentindo pior do que estava quando começou o tratamento. Eu tenho que lidar com tudo isso com bom senso e calma. Mas está difícil, tenho um colega médico que ficou de obter informações sobre as pesquisas com Alfacalcidol, ele fez mestrado na UFF e conhece o Drº Clovis. Diante de minha ansiedade e por vezes sem saber o que fazer para acalmar meu marido, seria possível vc fornecer o e-mail de algum desses médicos para eu ter como comunicar-se com eles?
Mais uma vez obrigada,
Rossana.

 
At 11:01, Anonymous Anônimo said...

Bom dia Miguel:

Nesse período, consegui fazer um contato com a Dra Thereza, diga-se de passagem uma pessoa,mesmo sem conhecer pessoalmente, incrível, extremamente atenciosa, educada e comprometida. Ela foi um sopro de esperança em nossas vidas. Já mandamos para ela amostras de sangue de meu marido, segue também exames, resultados de biópsia e bloco. Já chegou para ele o álccol perílico, que já vai ser usado. Ela me disse que, como foi logo diagnosticado, a possibilidade de qualidade de vida dele é muito boa, além do fato de ser jovem. Expresso aqui a minha alegria, pois as pesquisas são sérias e há um protocolo de autorização de tratamento que deve ser assinado por meu marido e a médica que o acompanha. Portanto trabalho sério e de comprometimento. Deixo a minha mensagem de agradecimento, de esperança e digo: não percam as esperenças nunca e procurem mais e mais informações. Um abraço e mais uma vez obrigada.
Rossana

 

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