14.2.06

Porquê os médicos não usam terapias alternativas?

Embora com freqüência se ouça falar que uma coisa ou outra (principalmente plantas e medicamentos fitoterápicos) podem ajudar no tratamento de uma doença grave, é comum quando questionamos os médicos sobre o uso dessas substâncias recebermos respostas negativas ou, no mínimo, evasivas. O que acontece nestas situações e que, ao perguntar ao médico sobre terapias alternativas, nos os colocamos em uma situação embaraçosa e potencialmente perigosa. Tentarei escrever aqui o que penso serem os motivos disto.

É preciso lembrar que as terapias alternativas são aquelas que são questionadas pela comunidade científica ou que ainda não têm comprovação, segundo critérios científicos, da sua eficácia e utilidade. Sendo desta forma, o uso de um tratamento alternativo pode gerar para o médico vários tipos de dificuldades. A saber:
  1. Dificuldades Técnicas: Os médicos, ao atuarem no tratamento de qualquer doença, seguem padrões e rotinas testadas e aprovadas por cientistas. No caso de uma terapia alternativa, em geral, estes padrões e rotinas não existem. Então, que recomendações ele poderia fazer? Qual dosagem deve prescrever? Por quanto tempo o paciente deve ser tratado? Que conseqüências negativas podem ocorrer? Todas estas perguntas não têm respostas e dificultam muito a atuação do profissional. Obviamente, isso é um grande desestímulo para que eles usem essas terapias. É muito mais trabalhoso e arriscado fazer uso delas.
  2. Problemas Éticos: As terapias alternativas, por serem pouco estudadas, podem envolver riscos. Nem todos, mas a grande maioria dos médicos quer agir de forma correta para com seus pacientes e almejam curá-los de seus males ou oferecer-lhes uma sobrevida digna e confortável. Como poderiam então os médicos usar terapias que envolvem riscos de prejudicar os pacientes? Certamente essas dúvidas devem angustiar a muitos profissionais de saúde.
  3. Falta de Compensação Financeira: O trabalho médico, assim como a da maioria das profissões, é feito seguindo rotinas e padrões. Ao sair dessas rotinas há uma tendência para que os custos aumentem. Tentando usar uma terapia alternativa o médico terá que pesquisar e estudar muito mais do que usando o tratamento protocolar. Este trabalho adicional, além de difícil, tomará bastante tempo, pelo qual, provavelmente, o profissional não receberá nenhuma remuneração adicional. Não é preciso dizer que essa situação constitui é um grande desestímulo.
  4. Problemas Legais:
    a. Dentro da Profissão: O Conselho Federal de Medicina, órgão que regulamenta e fiscaliza o exercício da profissão de médico, proíbe o uso de alternativas terapêuticas que não sejam completamente aprovadas pela comunidade científica. Caso o médico desrespeite esta norma ele sofrerá medidas disciplinares.
    b. Na Justiça Comum: Caso um médico recomende uma terapia alternativa e esta faça mal ou cause algum dano ao paciente, ele pode ser processado civil e criminalmente, julgado e condenado.

    Acredito que o conjunto de razões expostas acima é mais do que suficiente para desestimular os médicos a considerarem ou recomendarem terapias alternativas. Apesar disto, continuo acreditando que, em casos extremos , com o do meu pai, o paciente ou seus familiares, não só tem o direito, mas devem analisar todas as possibilidades de tratamento. É claro que essa análise deve ser muito minuciosa, ponderando criteriosamente todos os riscos e benefícios envolvidos.

    De toda forma, caso você decida usar alguma terapia alternativa, converse com seu médico. Ele terá, compreensivelmente, uma atitude conservadora e a tendência a evitar responder questões desta ordem, mas, se algo de potencialmente muito perigoso puder ocorrer, ele irá alertá-lo. Além disto é importante para o médico ter todas as informações possíveis sobre o paciente, o que irá ajudá-lo a orientar o seu tratamento.

2 Comments:

At 00:28, Anonymous Anônimo said...

Em que(m) acreditar?

E então a vida nos põe à prova. Alguém querido, um familiar ou amigo próximo está gravemente enfermo. Passamos a ser, muitas vezes, a pessoa que decide, ou que aconselha, que explica a situação....
Nos tornamos cuidadores, ou mesmo dividimos tarefas com os mais próximos, precisamos atenuar o sofrimento, e buscar mais rápidamente uma melhora do quadro geral.
Entregamos a saúde dessa pessoa querida aos cuidados de um corpo clínico de confiança, mantemos o lar mais tranqüilo e agradável (mesmo que para isso a nossa vida vire de ponta-cabeça). Passamos também a refletir mais, e a tentar entender uma linguagem que parece cheia de mistério. Uma novidade a cada dia. Buscamos entender e nos atualizar.
A questão é que muitas vezes a equipe que cuida do paciente nem sempre dispõe de tempo adequadamente longo para nos esclarecer tim-tim-por-tim-tim, que remédio é esse, porque tal dose, qual o efeito, o que pode comer...???.
Nos pegamos lendo bulas de remédios, livros de ciência, artigos científicos.
Prestamos mais atenção às pessoas que também tenham a mesma doença e como estão se saindo em seus tratamentos.
Das orações às benzedeiras, dos medicamentos aos chazinhos, que se não fossem bons não estariam até hoje fazendo realmente seus efeitos.
Pode parecer incrível, mas a Internet também é um excelente meio de divulgação de informações. Assim como muitas revistas especializadas também o são. A diferença entre uma revista especializada e uma revista científica é que a primeira traz ao leigo uma leitura compreensível, enquanto que a segunda traz a informação sobre trabalhos que vêm sendo desenvolvidos por cientistas, e cuja leitura será feita por outros cientistas....
Assim como o fármaco que cura difere daquele que previne...
Torna-se diário ouvir “olha eu ouvi dizer que tal planta cura tal doença..., porque você não experimenta?”
Tão banal como aconselhar para alguém que está com náuseas e võmitos, tomar um chazinho de boldo. Claro que o chazinho de boldo funciona, para distúrbios hepáticos, intoxicações alimentares...Mas vá dizer para essa pessoa que aconselhou, que esse vômito é de origem diferente, é de origem central , sim, do Sistema Nervoso Central, e nesse caso o chá de boldo não funciona. É preciso inibir o mecanismo que dispara o centro neural do vômito. Substâncias químicas presentes na própria quimioterapia, ou liberada pelas células que estão sendo atacadas pelo medicamento são capazes de provocar o Sistema Nervoso de tal forma que é impossível prever quando o ”jato” virá... de maneira bem diferente de uma intoxicação alimentar... em que às vezes dá até tempo de prever e chegar até o banheiro ou de “pedir a comadre...” Então o medicamento utilizado para evitar uma desidratação importante, também é outro...
Muitos nutrientes presentes em alimentos podem realmente prevenir ou retardar o surgimento do câncer e de outras doenças degenerativas, podem melhorar o estado geral que uma pessoa que está sob tratamento de medicações e procedimentos pesados. Mas quais servem para quê? Quanto a pessoa deve ou pode ingerir?
Por isso, e mesmo por sugestão do meu amigo dono deste espaço, tomei a liberdade de tomar a palavra.
A sugestão é, em primeiro lugar, confiar na decisão do corpo clínico. O que não significa dizer “entregar-se cegamente”, vale a pena, sim, perguntar. Porque compreendendo melhor, podemos ajudar mais. Vale a pena questionar, buscar outras opiniões e experiências. Em várias áreas. Será que a medicina ortomolecular tem alguma novidade? Será que vale a pena modificar a alimentação? Será que devo conversar com o médico sobre este ou aquele procedimento, ou medicamento? Mas como vou conversar com o médico sem um conhecimento ao menos, adequado? O que eu poderia perguntar? Na consulta ficamos travados, chegamos em casa cheios de dúvidas....
E lá vamos nós buscar a leitura que conseguimos compreender.... Ou quase... Mas que pode ser uma informação distorcida, retirada de uma fonte de informação excelente (por exemplo, de uma revista científica de renome internacional, onde os autores são Pós Doutorados, vivem e respiram determinada especialidade)... mas esta informação pode chegar “filtrada” por seus patrocinadores, ou incompleta....
É como dizer que na Berinjela foram encontrados os mesmos aminoácidos essenciais (proteínas) que existem nas carnes.... e não citar que, para que sejam supridas as necessidades diárias recomendadas (RDA – recommended dietary allowances) desses aminoácidos, seria necessário ingerir em média cinco berinjelas inteiras de tamanho médio (que tamanho seria esse?), para compensar uma porção de carne.... ou podemos “acreditar” que uma berinjela substitui um bife em valor nutricional???... então vamos tomar cápsulas de berinjela concentrada.... mas...que contém qual teor de aminoácidos?
E assim, com outros nutrientes... quem não se lembra da jovenzinha que comeu tanta cenoura que ficou com as palmas das mãos pigmemtadas de laranja?
Alguns nutrientes podem realmente ser benéficos em alguns casos, e vale a pena fazer a suplementação, para fortalecer essa pessoa convalescente.
Só peço aos leitores critério, cuidado e parcimônia na escolha, para não sobrecarregar o paciente de cápsulas, pozinhos, tabletes, chazinhos, licores, garrafadas, a 3X4, de hora em hora. Muitas vezes um paciente não adere a um tratamento até mesmo em função da quantidade de comprimidos e picadas que ele já tem que tomar todos os dias...
E muitas vezes a família não busca a informação por não saber sequer se conseguirá entender... é claro que conseguirá!! Basta encontrar um intermediador de confiança. Alimentar-se bem, suplementar-se adequadamente, dependendo do caso, hidratar o suficiente, atualizar-se sempre, e manter a fé e a confiança de que esta é apenas uma fase difícil e que vai passar.
Só posso recomendar uma coisa, que repito sempre para mim mesma, como um “mantra”:
Não perca o foco, não perca o foco, não perca o foco, não perca o foco......

C.S.S.


(Consultora em saúde
Biomédica, Nutróloga, Mestre e Doutora em Fisiologia Humana)

 
At 10:23, Blogger Unknown said...

um indivíduo é operado um tumor craniano,o médico diz q esta tudo bem e que podera procurá-lo 3 anos depois, entretanto a pessoa operada nao pode exercer nenhum tipo de diversao porque a seguir fica deprimido, angustiado, melancolico."'A que se deve?O que acontece com a massa cinzenta? Ela perde este lado?ou sera que a zona do tumor ora retirado seja correspondente ao lado depressivo?"

 

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