Um Ano de Vitórias, com muito sofrimento e trabalho.
Depois escrevo mais...
Este Blog foi criado para compartilhar nossa experiência ao sermos atingidos por um Glioblastoma Multiforme. Relataremos nossas descobertas, a evolução, as alternativas de tratamento, o que fazemos e não fazemos, os acertos e os erros, na expectativa de ajudar e receber ajuda de quem também precisa enfrentar essa doença tão letal.
A notícia abaixo ganhou destaque na imprensa nos últimos dias, sendo que inclusive já me perguntaram sobre o assunto aqui neste blog. Na realidade existem muitas substâncias sendo testadas atualmente como alternativa de tratamento para os gliomas em geral e para o glioblastoma multiforme, em particular. Este interesse se deve à possibilidade de lucros enormes para quem descobrir um medicamento eficaz, principalmente se este for patenteável. Assim sendo, é necessário ter muita cautela ao analisar as informações que são divulgadas pela imprensa não científica.
O que se pode destacar na notícia abaixo é:
Pelas razões listadas, eu concluo que, embora seja uma pesquisa possivelmente séria e promissora, a popularidade da notícia se deve muito mais ao caráter insólito do uso do veneno de escorpião do que a resultados palpáveis e úteis. Traduzindo: o veneno de escorpião é, por enquanto, somente uma promessa.
Fonte: Revista Veja 06/09/06
Graças à terapia gênica, eles ficaram livres do melanoma. Estavam em estado terminal.
Há mais de vinte anos a medicina busca um tratamento para o câncer em que o próprio organismo do paciente seja capaz de destruir o tumor maligno. Uma grande vitória nesse sentido foi divulgada na semana passada pela revista científica Science. Pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos conseguiram curar dois homens vítimas, em estágio avançado, de melanoma, o mais letal dos cânceres de pele. Liderados pelo médico Steven Rosenberg, eles modificaram o DNA das células de defesa (linfócitos) dos doentes, para que elas reconhecessem e destruíssem as células cancerosas. "Foi a primeira vez que a manipulação genética conseguiu a regressão de tumores em humanos", disse Steven Rosenberg, coordenador do estudo. Um dos pacientes, um homem de 52 anos, já apresentava metástase no fígado e nas axilas. No outro caso, um homem de 30 anos, o câncer de pele se espalhara para o pulmão. Hoje, depois de quase dois anos de iniciada a terapia, ambos estão livres da doença.
"O grande desafio é tornar as células tumorais visíveis às células do sistema imunológico", diz Lygia da Veiga Pereira, geneticista da Universidade de São Paulo. Os pesquisadores americanos conseguiram atingir esse objetivo ao dotar os linfócitos dos doentes de "olhos" capazes de enxergar o tumor (veja o quadro). Uma semana depois que as células de defesa foram reimplantadas nos dois doentes, elas já haviam se reproduzido de uma maneira impressionante, aumentando a capacidade de resposta imunológica do organismo. Os tumores foram atacados sem que ocorressem reações adversas severas. "Isso prova que os linfócitos atacaram as células cancerosas, mas preservaram as saudáveis, ao contrário do que acontece na quimioterapia", diz Bernardo Garicochea, diretor do serviço de oncologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Apesar do sucesso do experimento, não se pode falar em descoberta da cura definitiva do melanoma. Isso porque os outros quinze pacientes que participaram da pesquisa não foram beneficiados com o tratamento. Dois deles, inclusive, não apresentaram nenhuma resposta. Ainda assim, o fato de outros dois doentes graves terem se livrado completamente da doença é motivo de comemoração – não apenas para eles próprios e seus familiares, mas para a ciência. É sinal de que o caminho da terapia gênica contra o câncer está correto.